Cirurgia Estética da Mama Sem Drenos

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 A cirurgia estética da mama é o tipo de cirurgia plástica mais comum em todo o mundo. No entanto, como em qualquer cirurgia, devem ser tidas em conta as possíveis complicações devidas ao procedimento e ao tipo de anestesia utilizado, bem como ponderados os riscos e benefícios das opções técnicas escolhidas, de forma a permitir uma alta precoce e um pós-operatório com maior conforto.

Um dos aspectos mais controversos no cuidado pós-operatório da cirurgia estética da mama (seja ela a mamoplastia de aumento, de redução ou mastopexia) é a necessidade, ou não, da utilização de drenos. Os drenos aspirativos são tubos ligados a frascos que criam vácuo e que podem ser inseridos na mama no final do procedimento cirúrgico. A razão principal para a utilização de drenos é tentar impedir a acumulação de líquido e sangue no local da cirurgia, prevenindo a ocorrência de complicações.

Ao longo dos últimos anos, vários estudos foram realizados no sentido de verificar se a utilização de drenos diminui, de facto, a taxa de complicações, especialmente nos casos de redução mamária. O que se verificou na maioria dos estudos até hoje, foi não existirem diferenças na taxa de complicações entre os pacientes em que foram colocados drenos e os que não tiveram drenos após a cirurgia.

De facto, a própria ASPS (American Society of Plastic Surgeons) emitiu recomendações para a não utilização de drenos na mamoplastia de redução, apoiadas no facto de não existir evidência que mostre vantagem na sua utilização. Pelo contrário, os drenos aumentam consideravelmente o desconforto da paciente no período pós-operatório e prolongam a estadia hospitalar (ou colocam sobre a paciente a responsabilidade de cuidar dos drenos em casa, nos casos em que a alta é dada com drenos).

A cirurgia plástica, como toda a medicina, é baseada em evidência, isto é, em estudos que comprovem ou desmintam as vantagens e desvantagens de várias opções de tratamento. No caso da utilização de drenos, a mudança de paradigma apoia-se na evidência de que o cuidado na coagulação dos vasos, na dissecção cirúrgica e na utilização de determinadas técnicas, como os pontos internos para diminuição da tensão dos tecidos e das cicatrizes, são os factores mais importantes na prevenção de complicações cirúrgicas, prolongando o tempo da cirurgia, mas melhorando o período pós-operatório, o conforto e a autonomia da paciente, permitindo uma alta precoce com o rápido retorno à vida normal.

Apesar de todos estes argumentos, no final o cirurgião plástico deverá optar pela técnica que, nas suas mãos, oferece melhores resultados com a menor taxa de complicações. Esta opção assenta na evidência científica e no seu próprio julgamento e experiência pessoal. Na consulta, o seu cirurgião explicar-lhe-á qual a técnica que pensa ser mais adequada para si, sendo a altura apropriada para ambos discutirem estas opções terapêuticas de forma a que o pós-operatório seja o inicialmente esperado e possa ser o melhor possível.

Porto, 17 Novembro 2016