Mestre Shokunin e o Cirurgião Plástico
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Existe uma tradição milenar no Japão em que os Shokunin (ou artesãos em tradução livre) prestam homenagem aos seus instrumentos de trabalho no primeiro dia de cada ano, apresentando-os em caixas ornamentadas e decoradas com flores. Este ritual celebra a profunda ligação e respeito que existe entre as mãos e os instrumentos que as servem, na criação de peças únicas. Forjadas com materiais encontrados na natureza, são esculpidas de forma a criar verdadeiras obras de arte.
O trabalho de um Shokunin reflete um saber acumulado durante gerações, transformando em arte cada objecto criado. Mais do que forçar os materiais a uma forma desejada e reprodutível, o mistério da arte dos Shokunin assenta no absoluto respeito pelas características únicas de cada matéria prima encontrada. Estas particularidades podem ser a direcção dos veios da madeira, a densidade e resistência da resina, ou a diferente concentração e dureza das matérias inertes da rocha. Sem forçar a natureza, o mestre Shokunin molda-a de acordo com as suas propriedades únicas, revelando a beleza que nelas já existe, ainda que escondida ao olhar menos atento.
Não encontro nenhuma outra actividade que reflita com a mesma exactidão e paralelismo aquilo que deverá ser o tipo de trabalho de um cirurgião plástico. O bisturi ou as cânulas de lipoaspiração, peças frias de metal, servem de cinzel no trabalho do corte e moldagem dos tecidos. A criação de linhas projectadas é conseguida com implantes de mama e de glúteos, ao mesmo tempo que novas tecnologias permitem trabalhar, com facilidade e precisão, zonas do corpo que durante décadas eram evitadas pelos receios de complicações ou de maus resultados. A paleta de instrumentos disponíveis é, apesar de tudo, escassa. No entanto, novas tecnologias têm-se revelado extremamente eficazes, permitindo que as mãos dos cirurgiões acompanhem as suas aspirações estéticas, estendendo os limites e alargando as possibilidades, permitindo revelar a beleza que se encontra na matéria prima mais estimulante da natureza - o corpo humano.
O trabalho de um Shokunin reflete um saber acumulado durante gerações, transformando em arte cada objecto criado. Mais do que forçar os materiais a uma forma desejada e reprodutível, o mistério da arte dos Shokunin assenta no absoluto respeito pelas características únicas de cada matéria prima encontrada. Estas particularidades podem ser a direcção dos veios da madeira, a densidade e resistência da resina, ou a diferente concentração e dureza das matérias inertes da rocha. Sem forçar a natureza, o mestre Shokunin molda-a de acordo com as suas propriedades únicas, revelando a beleza que nelas já existe, ainda que escondida ao olhar menos atento.
Não encontro nenhuma outra actividade que reflita com a mesma exactidão e paralelismo aquilo que deverá ser o tipo de trabalho de um cirurgião plástico. O bisturi ou as cânulas de lipoaspiração, peças frias de metal, servem de cinzel no trabalho do corte e moldagem dos tecidos. A criação de linhas projectadas é conseguida com implantes de mama e de glúteos, ao mesmo tempo que novas tecnologias permitem trabalhar, com facilidade e precisão, zonas do corpo que durante décadas eram evitadas pelos receios de complicações ou de maus resultados. A paleta de instrumentos disponíveis é, apesar de tudo, escassa. No entanto, novas tecnologias têm-se revelado extremamente eficazes, permitindo que as mãos dos cirurgiões acompanhem as suas aspirações estéticas, estendendo os limites e alargando as possibilidades, permitindo revelar a beleza que se encontra na matéria prima mais estimulante da natureza - o corpo humano.
Porto, 1 Janeiro 2019