O Turismo de Saúde e a Cirurgia Plástica

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Num mundo chamado aldeia global, as fronteiras não passam de conceitos cada vez mais abstractos e uma conversa, consulta, ou cirurgia, estão à distância de um telefonema, de uma teleconferência via skype ou de uma viagem de avião.

A diversidade de companhias aéreas a operarem em sistema low-cost, associadas à internet, às redes sociais e aos meios de comunicação, permitem potenciar um conceito chamado Turismo de Saúde. Neste contexto, a paciente procura reunir as melhores circunstâncias para se submeter a uma intervenção cirúrgica, aliando a cirurgia efectuada por um cirurgião plástico, a um período pós-operatório mais agradável, de férias, num destino escolhido.

Tudo isto, com o menor custo do mercado. Portugal é, a vários níveis, um destino que reúne as qualidades para se tornar referência neste tipo de prática e surgem já equipas organizadas que disponibilizam este tipo de serviços.

A cirurgia plástica, em especial, é uma área particularmente susceptível a este tipo de opção. Sem pretender tornar simples um procedimento cirúrgico (que nunca o é porque é passível de complicações várias), a verdade é que determinadas cirurgias como o aumento mamário, a lipoaspiração, a redução mamária, a rinoplastia e a abdominoplastia são cada vez mais realizadas em ambulatório, sem utilização de drenos e com técnicas que permitem uma melhor e mais rápida recuperação. Esta evolução permite, por exemplo, que pacientes do sul possam deslocar-se ao norte do país (ou vice-versa) e serem operadas pelo cirurgião plástico que lhes oferece maior confiança, sem prejudicar o follow-up. Permite ainda que pacientes estrangeiras se desloquem a Portugal para serem submetidas a cirurgia estética, com resultados muitas vezes superiores e consideravelmente mais baratos relativamente aos países de origem.

Creio que o nosso país reúne, a nível europeu, o melhor conjunto em termos de condições de diferenciação técnica dos cirurgiões plásticos, condições médicas e hospitalares, preços reduzidos e elevada qualidade a nível do turismo, com possibilidade de sermos um destino privilegiado para a realização deste tipo de cirurgias.

Cabe ao paciente, quando pondera esta solução, certificar-se das competências e creditação do cirurgião plástico escolhido e das condições técnicas do hospital proposto. Deverá ter em conta que nem todas as cirurgias permitem um pós operatório com uma autonomia precoce e que determinadas cirurgias poderão obrigar a um seguimento em consulta presencial mais frequente.

Cabe ao cirurgião plástico seleccionar as pacientes candidatas a estes procedimentos, sem nunca comprometer o melhor resultado possível e garantindo toda a segurança per-operatória. A técnica utilizada deverá ser cuidada, de forma a tentar reduzir ao mínimo possível a taxa de complicações, a necessidade de pensos e o período de dependência da doente. O empenho no seguimento dos doentes operados deve ser total, independentemente da distância a que eles se encontrem. 

Porto, 20 Julho 2016